"As experiências que temos na vida é nossa evolução espiritual"

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Origem da Umbanda no Brasil


As raízes da Umbanda estão na fusão da cultura da ancestralidade indígena com a da africana, tendo ela sido primeiramente manifestada em uma sessão kardecista a 15 de novembro de 1908, e posteriormente estruturada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Pela necessidade de aceitação e de atuação das falanges que a Umbanda engloba, o Caboclo das Sete Encruzilhadas veio com a missão de difundir a Umbanda como uma vertente do Espiritismo.
A Umbanda é  baseada na caridade, na igualdade entre os seus filhos e no cuidado para com os humildes, visando sempre ao bem e à evolução espiritual.
Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileira sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e  portanto, perseguido e combatido.
Zélio Fernandino de Morais, nascido em 10 de abril de 1891, em São Gonçalo – Rio de Janeiro, é considerado o fundador da Umbanda tradicional.
De família tradicional, em fins de 1908, então com dezessete anos de idade, Zélio preparava-se para o ingresso na carreira militar, quando foi acometido por uma inexplicável paralisia, que os médicos não conseguiam debelar. Certo dia, ergueu-se no leito, declarando: "Amanhã estarei curado!" .
No dia seguinte, de fato, levantou-se normalmente e voltou a caminhar, como se nada lhe houvesse acontecido: os médicos não souberam explicar o ocorrido. Os seus tios, padres da Igreja Católica, surpreendidos, também não souberam explicar o fenômeno. Um amigo da família, então, sugeriu uma visita à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, sendo esta ocorrida no dia 15 de novembro de 1908.
Naquela ocasião, tendo o dirigente determinado que Zélio ocupasse um dos lugares à mesa, em determinado momento dos trabalhos, tomado por uma força desconhecida e superior à sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer um dos integrantes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor!", retirando-se ato contínuo da sala. Retornou em poucos momentos, trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa. Esse gesto causou um princípio de polêmica entre os presentes. Restabelecida a "corrente", manifestaram-se, em vários dos médiuns presentes, espíritos que se identificaram como de indígenas ou caboclos e de escravos africanos.
O dirigente dos trabalhos convidou esses espíritos a se retirar advertindo-os acerca do seu atraso espiritual. Nesse momento Zélio sentiu-se novamente dominado pela estranha força, que fez com que ele falasse, sem saber o que dizia. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido que estaria incorporado em Zélio, desenvolvendo uma sólida argumentação, quando a entidade perguntou a mesa:
"-Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
Um dos médiuns videntes perguntou então:
"-Afinal, porque o irmão fala nesses termos pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é o seu nome, irmão?"
A resposta de Zélio, ainda tomado pela misteriosa força foi:
"-Se julgam atrasados estes espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (o médium Zélio), para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."
O médium vidente insistiu, com ironia:
"-Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?"
A entidade respondeu:
"- Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei !"
No dia seguinte, a 16 de novembro, na residência da família de Zélio, ao se aproximar a hora marcada, 20 horas, já ali se reuniam os membros da Federação Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado na véspera, alguns parentes mais chegados, amigos, vizinhos, e, do lado de fora da residência, grande número de desconhecidos.
Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas, declarando que, naquele momento, se iniciava um novo culto em que os espíritos dos velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos do Brasil poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade (amor fraterno), seria a tônica desse culto, que teria como base o Evangelho de Cristo e como mestre supremo, Jesus.
Após estabelecer as normas em que se processaria o culto, deu-lhe também o nome: Aumbanda, que em sânscrito pode ser interpretada como "Deus ao nosso lado" ou "o lado de Deus". O nome pelo qual se popularizaria, entretando, seria o de Umbanda.
Fundava-se naquele momento, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras:
" Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem nas horas de aflição, todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai."
Estava fundada a Umbanda no Brasil. Anos mais tarde, o dia 15 de novembro seria considerado como Dia Nacional da Umbanda.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebendo ordens do astral, iniciava a segunda parte de sua missão. Fundaria sete tendas para a propagação da Umbanda em todo Brasil, sendo elas as seguintes:
Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia;
Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição;
Tenda Espírita Santa Bárbara;
Tenda Espírita São Pedro;
Tenda Espírita Oxalá;
Tenda Espírita São Jorge;
Tenda Espírita São Jerônimo.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas trabalhou com seu primeiro médium até 03 de Outubro de 1975, quando Zélio faleceu, aos oitenta e quatro anos de idade.

Um comentário:

  1. Foi assim que surgiu a nossa querida Umbanda. Saravá Caboclo das Sete Encruzilhadas...Okei caboclo.

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