Sempre buscando orientar todos os médiuns quanto
ao risco da “vaidade”, encontramos essa mensagem que é um bom alerta. Vale a
pena a leitura.
A falta de Reconhecimento e de Agradecimento
por Mãe Mônica Caraccio
Quem já não ouviu falar sobre o perigo que é
a vaidade?
Quem já não ouviu tristes histórias de
médiuns quando tiveram a vaidade alimentando seus íntimos?
Quem já não percebeu como é difícil lidar com
a vaidade e o quanto ela é sutil e arrasadora?
Sei que muitos fogem e negam esse sentimento,
mas ela não foge e não nega ninguém. Ela, a vaidade, não titubeia em se fazer
viva a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer pessoa, aliás, existem
vários momentos em que a vaidade é absurdamente incentivada e vivenciada,
existem diversas pessoas manipulando outras pessoas sob o prisma da vaidade.
Mas ninguém gosta ou quer reconhecer seus
momentos de vaidade, nem tampouco a possibilidade de senti-la, mesmo porque, ela
aflora de forma tão “sutil”, tão “simples” aos olhos míopes da ingenuidade que,
por consequência, as pessoas deixam de se vigiarem, esquecem de se educarem, de
cultivarem a humildade e de entender o outro como “outro”, automaticamente se
tornam vaidosas. Percebam, é uma “bola de neve”, uma ação refletindo uma reação
continuamente.
Sei que a maioria das pessoas utiliza o termo
“vaidade” para falar do bem, cuidar do corpo, da importância de ter uma boa
aparência, no entanto, mais que isso, vaidade é o desejo sem limites de atrair
admiração. Isso mesmo, DESEJO SEM LIMITES DE ATRAIR ADMIRAÇÃO.
Em nossa Umbanda, vivenciando nossa
religiosidade, sabemos o quanto a vaidade é prejudicial. Ela chega a ser a
principal causa de afastamento de médiuns dos terreiros. Ela é tão avassaladora
e destruidora que retarda potencialmente a ascensão de qualquer médium.
Portanto, temos que estar vigilantes o tempo todo, temos que cultivar a
humildade dentro de nós entendendo que nada somos e nada fazemos sem o outro.
O fato é: a vaidade está sempre viva em um
elogio, em um olhar de admiração, em uma situação resolvida, ela está sempre
pronta para aflorar no primeiro momento de “falta de reconhecimento” e “falta
de agradecimento” para com o outro, para com o Divino e para com o Universo.
Isso quer dizer que a vaidade pode brotar nos
momentos de cura, de conquista e de auto estima, portanto nos momentos de
alegria e satisfação, basta ter a semente e estar com o solo propício.
Quem já não conquistou algo importante ou
difícil na vida e estufou o peito sonorizando “eu sou bom mesmo” esquecendo
totalmente de agradecer e de reconhecer que nada, absolutamente NADA se
conquista e se constrói sozinho?
E não é só isso, a vaidade está quase sempre
misturada ao sentido da Fé e com a capacidade de sentir Fé.
Calma, sei que agora deu calafrio, mas pensem
comigo, quantas pessoas ao afirmarem sua Fé têm a vaidade esculpida em seus
rostos, atos e falas afirmando que a sua fé é a melhor do que qualquer outra,
que “seu Deus é o Deus dos milagres” e que somente “Ele” pode curar, melhorar,
resolver e ajudar?
Além disso, é fato que a Fé proporciona
realizações, melhoras, conquistas, auto estima, e quando vivenciamos esses
sentimentos, quase sempre aflora a prepotência, a arrogância e a vaidade. É aí
que nos achamos deuses e nos esquecemos do outro, do Divino, do Universo. E é a
partir daí que, mesmo não percebendo, nos encontraremos sozinhos achando que
somos aquilo que nunca fomos: BONS.
Para ficar mais claro a importância de
caminharmos juntos, de reconhecermos o “outro”, de perceber a sutileza da
vaidade e como a Fé também aflora nosso lado obscuro sem que ao menos
percebamos, segue um texto bem legal de Pai Solano de Oxalá que publiquei no
JUCA – Jornal de Umbanda Carismática em agosto 2008 espero que gostem e que
ajude na capacidade de discernir.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai
Antônio consideravam três situações altamente perigosas para qualquer médium:
1 – O médium homem com a consulente mulher e
vice versa;
2 – A cobrança por “serviços”;
3 – A vaidade que gera, às vezes, até a
mistificação.
W.W. da Mata e Silva conta em um de seus
livros a história de um médium recém chegado a um terreiro e que começava a
firmar sua mediunidade, em especial com o Preto Velho.
Certo dia encontrou na rua um amigo que
estava bastante acabrunhado. Perguntando-lhe o que passava, ele desfiou um
rosário imenso de problemas. O médium, solícito, lhe disse:
- Porque você não passa lá no terreiro que
eu frequento para pedir ajuda ao Preto Velho para ver se ele não te ajuda?
O amigo, já desanimado de tudo, foi ao
terreiro e conversou com o Preto Velho que se incorporava naquele amigo. Dias
depois encontraram-se novamente e o médium perguntou ao amigo:
- E aí?
Melhoraram as coisas?
O
amigo respondeu:
-
Rapaz, você não pode acreditar; minha vida virou como se tivesse passado um
furacão e tudo se acertou.
Feliz o médium se foi. Alguns dias depois
esse mesmo médium encontrou-se com outro amigo e o quadro foi igual, um desfiar
de lamentações. O amigo médium disse ao outro:
- Passa
lá no MEU terreiro que EU e MEU Preto Velho damos um jeito para você.
No terceiro caso, acontecido logo em seguida
o médium já disse:
- Passa
lá no MEU terreiro que EU dou um jeito nisso.
Como vemos, nessa história de Mata e Silva,
resume-se a questão da vaidade do médium e a desagregação de sua relação com as
entidades que com ele trabalham.
Na verdade, na última vez o médium falou o
certo: ELE TERIA DE DAR UM JEITO, POIS PELO VISTO ELE JÁ TINHA CHEGADO AO NÍVEL
DA MISTIFICAÇÃO.
Pai Solano de Oxalá
Fonte: Minha Umbanda
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