Um dia um
jornalista ao entrevistar uma mãe de santo, perguntou:
Quantos
filhos sua casa tem?
A senhora
não lhe respondeu como ele esperava, disse que ele deveria acompanhar as
atividades do terreiro na próxima semana que ele teria a resposta.
E assim foi,
no sábado pouco antes de se iniciarem os trabalhos lá estava ele sentado na
assistência observando tudo. Viu que havia mais os menos 40 médiuns, quase
todos estavam na corrente, prontos para a gira, e aproveitavam estes momentos
que antecediam o inicio dos trabalhos para mostrarem uns aos outros suas roupas
novas, ou pra colocar algum assunto em dia.
Mas notou
também que um grupo de cinco médiuns estava em plena atividade arrumando as
coisas para o inicio dos trabalhos.
O trabalho
foi muito bonito e alegre, quando terminou viu que a grande maioria dos médiuns
se apressa em se retirar, uns por que queriam chegar logo em casa, outros por
terem algum compromisso. Notou mais uma vez que aqueles mesmos cinco médiuns
que antes do inicio arrumavam as coisas, agora eram os que começavam a limpar e
organizar o terreiro depois dos trabalhos.
Na segunda
feira haveria um momento de estudos no terreiro e ele foi convidado, ao chegar
ao local, chovia muito e viu que menos da metade da corrente se fazia presente,
novamente notou que aqueles cinco estavam lá.
Na
quinta-feira haveria um trabalho na linha do Oriente, e também passaria na TV
um jogo da seleção, novamente bem menos da metade da corrente compareceu, mas
aqueles cinco estavam entre eles.
No sábado
novamente estava sentado na assistência e repetiu-se o que havia
acontecido na semana anterior, os cinco médiuns fazendo os últimos preparativos
para o inicio dos trabalhos, e também começaram a limpeza assim que estes se
encerraram, e foi no término dos trabalhos que foi chamado pela Mãe de Santo,
que lhe perguntou:
Você
conseguiu descobrir quantos filhos tem em nossa casa?
Contei 43
minha mãe – respondeu.
Não, filhos
verdadeiros tenho cinco. São aqueles que estavam presentes em todas as
atividades da casa.
E os outros?
Os outros
são como se fossem "sobrinhos" de quem gosto muito e que também
gostam da casa, mas só visitam a "tia" se não houver nenhum atrapalho
ou programa "melhor", e mesmo vindo muitas vezes ficam contando os
minutos para acabar os trabalhos.
O rapaz
muito sério perguntou:
E por que a
senhora não impõe regras para mudar isto?
Meu filho a
Umbanda não pode ser imposta a ninguém, tem de ser praticado com entrega, o
amor à religião não pode ser uma obrigação, ele deve nascer no coração de cada
um, e o mais importante a Umbanda respeita o livre-arbítrio de todos os
seres...
E nós, somos
"filhos" ou "sobrinhos" de Umbanda?
Somos
Umbandistas em todos os momentos de nossa vida, ou somos Umbandistas
somente uma vez por semana durante os trabalhos no terreiro?
Autor: Marco Boeing (Dirigente da
Associação Espiritualista Mensageiros de Aruanda - Curitiba-PR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.