História de Preto Velho

Essa história é um pequeno trecho da minha vida. Conto não para sentirem dó, mais para refletirem sobre seus atos aqui na terra.

Nasci na Bahia, mais fui vendido ainda criança aos senhores de uma fazenda em Minas.

Cresci; a vida não era fácil, trabalhava dia e noite carregando fardos de café nas costas. Eu era bom trabalhador, por isso permanecia lá. Mais doía ver meus irmãos morrerem nos troncos de tanto apanhar e nossos sábios jogados nas senzalas como bichos devido à idade.

O tempo passou para mim também e meus serviços já não eram os mesmos. Minhas costas doíam e meus joelhos ardiam. Não podia reclamar, senão apanharia...imaginem; apanhar por sentir dor! Mais infelizmente era assim.

Um dia não aguentei e carregando um fardo de café ajoelhei...e amarrado no tronco apanhei...

Meus senhores não estavam na hora e quando chegaram percebi que meus serviços por todos esses anos não serviram de nada, chibatadas zuniam no ar e um banho de sal me fez desmaiar.

Dias passaram e os senhores buscavam outro escravo para me substituir. A cada busca frustrada eu pagava com chibatadas.

Sofri a ponto de um dos dias depois de tanto apanhar, implorar por minha morte, contudo, entendi que tudo tem o tempo certo.

Uma noite fui chamado a casa grande. A esposa do “senhor” estava muito doente e ele queria minha ajuda. Pensei em tudo que ocorrerá antes, mais não podia deixar de fazer algo.

Com ervas e orações, após sete dias corridos, a mulher melhorou e o meu pagamento seria a morte que um dia tanto implorei.

Entendi a Lei Superior e pedi apenas que me deixassem lá, esperando minha hora, que por sua vez chegou no dia seguinte, em 15 de junho de 1808.

Hoje faço parte da falange dos Pretos-Velhos da Umbanda.

Minha missão é ajudar a todos que precisam, ensinado o amor, a humildade e a paciência. E para aqueles querem saber o meu nome, sou Pai Joaquim Benedito, mensageiro de Oxalá.

Mensagem de Pai Joaquim Benedito para médium Karina Zocatelli