Sim, o Candomblé é uma religião politeísta africana (acredita em vários
deuses), procedente da África Ocidental (Nigéria, Benim, Angola e Congo).
Trazida ao Brasil pelo trafico de escravos. A primeira “casa de culto” foi o
Candomblé de Engenho Velho, criado em Salvador – Bahia no inicio do século XIX.
Progressivamente, a rigorosa repressão
imposta aos escravos pelos os seus senhores e pela policia foi substituída pela
expansão, cada vez maior, da cultura negra, cujas crenças foram absorvidas
pelos brancos numa surpreendente amplitude. Ao se organizar no Brasil, o
Candomblé dividiu-se em “Nações” diferenciadas por detalhes ritualísticos. São
de origem sudanesa as nações Jeje, Nagô (Ijexá, Keto, Oió, Efon, Egbá), Mina(
tambor) e muçurumim. As Nações Banto são Angola (Omolocô e Moçambique), Congo,
Cabinda e Cabula.
Algumas
casas de Candomblé são denominadas de “Linha Cruzada”, que provem da mistura de
componentes de varias nações. Bem como elementos de Umbanda e Quimbanda. A
influência ameríndia (trazida pela pajelança) produziu o tore ou catimbó e o
Candomblé de Caboclo. Esta ultima segue o padrão básico do Candomblé, mas
assenta caboclos que incorporam e trabalham como na Umbanda.
O Candomblé é uma religião mágica e ritualística, pois o termo abrange não só a
religião, como o local onde adeptos e sacerdotes realizam seus cultos, também
chamado “terreiro ou casa” de Candomblé. De maneira geral, a casa de Candomblé
fica localizada nos subúrbios ou em lugar retirado e discreto. No terreno existe
sempre uma arvore sagrada (pé de loko ou iroco, uma gameleira branca ou cajazeira)
enfeitada com ojás (faixas de pano usadas no vestuário dos Orixás), e ervas e
arbustos usados nos rituais.
As
divindades do Candomblé são os Orixás, que são forças poderosas e sagradas ás
quais são oferecidos sacrifícios de certos animais (carneiro, galo, bode, pomba
e outros), conforme a preferência do deus, sendo a galinha de angola universal.
Os Orixás são seus deuses e possuem símbolos próprios, cores, adereços, toques
de atabaque, canções, bebidas e alimentos.
O comportamento e as atitudes do Orixá devem ser assimilados pelo devoto, que
tenta herdar os traços do deus e identificar-se com a sua conduta. O Candomblé
ignora o pecado, pois nas religiões que o originaram não existia a oposição
entre o bem e o mal. Por esse motivo, corrigir as fraquezas humanas significa
estabelecer o que está errado na relação entre a pessoa e o seu deus, e devem-se
executar as ações mágicas necessárias para restaurar a harmonia entre os dois.
Já, a Umbanda é uma religião monoteísta (acredita
em um único deus). O vocábulo “umbanda” tem duas origens alternativas: o termo
quimbundo “kimbanda” ou umbundo “mbanda ou aumbanda”, ambos significando “curar ou curandeiro”, “ médico ou
sacerdote”, sendo essa assimilada do sânscrito Umbanda “ ao lado de Deus”.
A Umbanda nasceu
em 1908, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, onde o médium espírita Zélio
de Moraes, depois de incorporar o Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou o
primeiro terreiro da nova religião que desde então, propagou-se rapidamente
pelas cidades da região Sudeste e, mais tarde, por quase todo país. É uma
religião sincrética, pois tem combinações do Candomblé de origem Banto
(nomenclatura dos Orixás) com os elementos do Catolicismo cristão (Santos e
Jesus Cristo) e do Esoterismo europeu (Kardecismo, Cabala e Magia cerimonial).
A grande mistura de crenças e a grande simplificação ritual em relação ao
Candomblé torna a religião capaz de atrair um grande numero de pessoas
integradas por grupos sociais aos mais diversos.
A Umbanda tem duas vertentes: A popular preserva fortes
traços das raízes africanas e tem presença da Quimbanda, podendo ser “cruzada”
com o Candomblé angola. A outra é conhecida como Umbanda “branca” ou esotérica,
tende a afastar-se da tradição africana, evitando quaisquer cerimônias que
envolvam sacrifício de animais, adotando ritos mágicos europeus e científicos
egípcios. Isso a torna mais aberta a
grupos alheios à origem africanas, com aguda presença de espíritas, católicos e
até mesmo protestantes.
A pedra
angular da Umbanda é a comunicação entre o sobrenatural e o mundo humano
através da incorporação de entidades que “descem” para o planeta Terra e
manifestam- se por meio de seus médiuns (ou cavalos). Intentando ser uma
religião universal (a soma de varias religiões), a Umbanda inclui o panteão de
Orixás do Candomblé (com seus mensageiros), ancestrais Africanos e Indígenas (preto-velhos
e caboclos), Povos do Oriente e Ásia (esotéricos, ocultistas e magos), além dos
auxiliares Guardiões (exus e pombagiras). Essas entidade são agrupadas em sete
“linhas” (cada uma dividida em sete “legiões” e cada legião dividida em sete
“falanges”) que reúnem espíritos conforme a afinidades intelectuais, morais e
de evolução espiritual, sem omitir sua origem étnica.
Na
Umbanda, os espíritos “baixam” (incorporam) na qualidade de Mensageiros
(referentes aos Orixás), Guias (caboclos e preto-velhos), Protetores (linha do
Oriente, crianças, ciganos, baianos, marinheiros e linha d’água) e Guardiões
(exu e pombagira). Todo individuo possui
uma dessas entidades, além do Orixá ou “Santo” dono de sua cabeça, que não
incorpora.
Na
Umbanda branca é muito grande a influencia do espiritismo, com o uso de passes
para cura ou descarrego. Também são realizadas bênçãos em rosas brancas, água fluidificada,
leitura de orações ou trechos do Evangelho
segundo o Espiritismo e da própria Bíblia Sagrada como Salmos, Provérbios ou os Evangelhos em dias de trabalho.
A Umbanda é considerada uma
religião Cristã, pois acredita em Jesus Cristo como seu maior Mestre e é
seguidora fiel de seu maior ensinamento:
“A pratica do Amor e a Caridade a quem quer
que seja”.
“Não
se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou
preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e
vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo
vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho”.
João
14:1-4
Bibliografia:
AMARAL AZEVEDO. Antonio C. – Dicionário Histórico de
Religiões – Ed. Nova Fronteira.
DA COSTA. Valdeli C. – Umbanda “Os seres superiores e os
Orixás/Santos” – Ed Loyola
MACIEL. Silvio Pereira – A vida dos Orixás e a Umbanda –
Ed. Aurora – RJ
ZESPO. Emanuel – Codificação da Lei de Umbanda – Ed.
Aurora – RJ. 1951
Organização
e Texto: Templo de Umbanda Mensageiros
de Oxalá
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.