"As experiências que temos na vida é nossa evolução espiritual"

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Umbanda e Candomblé. Existem diferenças?

Sim, o Candomblé é uma religião politeísta africana (acredita em vários deuses), procedente da África Ocidental (Nigéria, Benim, Angola e Congo). Trazida ao Brasil pelo trafico de escravos. A primeira “casa de culto” foi o Candomblé de Engenho Velho, criado em Salvador – Bahia no inicio do século XIX.  Progressivamente, a rigorosa repressão imposta aos escravos pelos os seus senhores e pela policia foi substituída pela expansão, cada vez maior, da cultura negra, cujas crenças foram absorvidas pelos brancos numa surpreendente amplitude. Ao se organizar no Brasil, o Candomblé dividiu-se em “Nações” diferenciadas por detalhes ritualísticos. São de origem sudanesa as nações Jeje, Nagô (Ijexá, Keto, Oió, Efon, Egbá), Mina( tambor) e muçurumim. As Nações Banto são Angola (Omolocô e Moçambique), Congo, Cabinda e Cabula.
Algumas casas de Candomblé são denominadas de “Linha Cruzada”, que provem da mistura de componentes de varias nações. Bem como elementos de Umbanda e Quimbanda. A influência ameríndia (trazida pela pajelança) produziu o tore ou catimbó e o Candomblé de Caboclo. Esta ultima segue o padrão básico do Candomblé, mas assenta caboclos que incorporam e trabalham como na Umbanda.
O Candomblé é uma religião mágica e ritualística, pois o termo abrange não só a religião, como o local onde adeptos e sacerdotes realizam seus cultos, também chamado “terreiro ou casa” de Candomblé. De maneira geral, a casa de Candomblé fica localizada nos subúrbios ou em lugar retirado e discreto. No terreno existe sempre uma arvore sagrada (pé de loko ou iroco, uma gameleira branca ou cajazeira) enfeitada com ojás (faixas de pano usadas no vestuário dos Orixás), e ervas e arbustos usados nos rituais.
As divindades do Candomblé são os Orixás, que são forças poderosas e sagradas ás quais são oferecidos sacrifícios de certos animais (carneiro, galo, bode, pomba e outros), conforme a preferência do deus, sendo a galinha de angola universal. Os Orixás são seus deuses e possuem símbolos próprios, cores, adereços, toques de atabaque, canções, bebidas e alimentos.
O comportamento e as atitudes do Orixá devem ser assimilados pelo devoto, que tenta herdar os traços do deus e identificar-se com a sua conduta. O Candomblé ignora o pecado, pois nas religiões que o originaram não existia a oposição entre o bem e o mal. Por esse motivo, corrigir as fraquezas humanas significa estabelecer o que está errado na relação entre a pessoa e o seu deus, e devem-se executar as ações mágicas necessárias para restaurar a harmonia entre os dois.
 
Já, a Umbanda é uma religião monoteísta (acredita em um único deus). O vocábulo “umbanda” tem duas origens alternativas: o termo quimbundo “kimbanda” ou umbundo “mbanda ou aumbanda”, ambos significando “curar ou curandeiro”, “ médico ou sacerdote”, sendo essa assimilada do sânscrito Umbanda “ ao lado de Deus”.
A Umbanda nasceu em 1908, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, onde o médium espírita Zélio de Moraes, depois de incorporar o Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou o primeiro terreiro da nova religião que desde então, propagou-se rapidamente pelas cidades da região Sudeste e, mais tarde, por quase todo país. É uma religião sincrética, pois tem combinações do Candomblé de origem Banto (nomenclatura dos Orixás) com os elementos do Catolicismo cristão (Santos e Jesus Cristo) e do Esoterismo europeu (Kardecismo, Cabala e Magia cerimonial). A grande mistura de crenças e a grande simplificação ritual em relação ao Candomblé torna a religião capaz de atrair um grande numero de pessoas integradas por grupos sociais aos mais diversos.
A Umbanda tem duas vertentes: A popular preserva fortes traços das raízes africanas e tem presença da Quimbanda, podendo ser “cruzada” com o Candomblé angola. A outra é conhecida como Umbanda “branca” ou esotérica, tende a afastar-se da tradição africana, evitando quaisquer cerimônias que envolvam sacrifício de animais, adotando ritos mágicos europeus e científicos egípcios.  Isso a torna mais aberta a grupos alheios à origem africanas, com aguda presença de espíritas, católicos e até mesmo protestantes.
A pedra angular da Umbanda é a comunicação entre o sobrenatural e o mundo humano através da incorporação de entidades que “descem” para o planeta Terra e manifestam- se por meio de seus médiuns (ou cavalos). Intentando ser uma religião universal (a soma de varias religiões), a Umbanda inclui o panteão de Orixás do Candomblé (com seus mensageiros), ancestrais Africanos e Indígenas (preto-velhos e caboclos), Povos do Oriente e Ásia (esotéricos, ocultistas e magos), além dos auxiliares Guardiões (exus e pombagiras). Essas entidade são agrupadas em sete “linhas” (cada uma dividida em sete “legiões” e cada legião dividida em sete “falanges”) que reúnem espíritos conforme a afinidades intelectuais, morais e de evolução espiritual, sem omitir sua origem étnica.
Na Umbanda, os espíritos “baixam” (incorporam) na qualidade de Mensageiros (referentes aos Orixás), Guias (caboclos e preto-velhos), Protetores (linha do Oriente, crianças, ciganos, baianos, marinheiros e linha d’água) e Guardiões (exu e pombagira).  Todo individuo possui uma dessas entidades, além do Orixá ou “Santo” dono de sua cabeça, que não incorpora.
Na Umbanda branca é muito grande a influencia do espiritismo, com o uso de passes para cura ou descarrego. Também são realizadas bênçãos em rosas brancas, água fluidificada, leitura de orações ou trechos do Evangelho segundo o Espiritismo e da própria Bíblia Sagrada como Salmos, Provérbios ou os Evangelhos em dias de trabalho.
A Umbanda é considerada uma religião Cristã, pois acredita em Jesus Cristo como seu maior Mestre e é seguidora fiel de seu maior ensinamento:
 
 “A pratica do Amor e a Caridade a quem quer que seja”.
 
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho”.
João 14:1-4
 
Bibliografia:
AMARAL AZEVEDO. Antonio C. – Dicionário Histórico de Religiões – Ed. Nova Fronteira.
DA COSTA. Valdeli C. – Umbanda “Os seres superiores e os Orixás/Santos” – Ed Loyola
MACIEL. Silvio Pereira – A vida dos Orixás e a Umbanda – Ed. Aurora – RJ
ZESPO. Emanuel – Codificação da Lei de Umbanda – Ed. Aurora – RJ. 1951
 
Organização e Texto:  Templo de Umbanda Mensageiros de Oxalá

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